António Mor
Director do Lar Centro Social do Pego
De que MODO é que o projeto do Lar de Apoio à Terceira Idade, e a respectiva obra executada, tem impacto na vida das pessoas que agora habitam e utilizam?
Este Lar, no seu todo, tem um impacto muito positivo e significativo na vida destes nossos cidadãos agora aqui residentes, como nas próprias famílias.
Na sua generalidade, os 68 residentes são pessoas de idade muito generosa, em que 35 destes idosos têm 88 ou mais anos de idade e, de entre estes, 15 têm mais de 90, sendo a média de idades de 85,4 anos. E, para além da idade, a maioria é doente ou dependente.
Pelos cuidados especializados que lhes são proporcionados, a sua qualidade de vida, como a das respetivas famílias, é manifestamente superior à que teriam sem este tipo de apoio.
O espaço projetado e construído, pelas suas enormes janelas e varandas, permite uma luz intensa e uma proximidade à paisagem e ao campo, alimentando memórias de muitos dos residentes que viveram e trabalharam nestas e noutras terras.
Este edifício permite a integração plena dos residentes no seu meio natural, vendo e sentindo os murmúrios e os aromas dos montes, quando o tempo é lento e leve, os dias fazem-se de sorrisos, histórias de trabalho e pelas varandas e vidraças os raios de sol inundam espaços vividos no entardecer da vida…
Que importância tem, também, para o desenvolvimento do concelho e da região?
A qualidade do projeto, os espaços nele imaginados e colocados em pleno no seu funcionamento, ajuda ao ar sadio que exigimos para uma casa destas.
É uma componente forte da obrigação de todos considerarem que as pessoas são gente, com direito ao conforto e dignidade até ao último momento da vida.
É um projeto dirigido a toda a população do concelho de Abrantes e ao ser garantido que é uma residência com qualidade e que, pelas práticas do quotidiano se afirma como extensão da família, uma boa família, esta nova residência dos idosos, mais humanizada até pelo contacto frequente que a proximidade permite aos seus familiares, garante ainda a existência das condições necessárias à normalidade funcional das famílias, uma vez que neste território estão instaladas as respostas sociais necessárias a todos os escalões etários.
Que novas dinâmicas trouxe ao desenvolvimento rural e social da aldeia do Pego e de que modo as caracteriza?
Nesta instituição, no serviço que é levado a efeito nas diferentes respostas sociais: Centro de Dia, Apoio Domiciliário, Creche, Jardim de Infância e Lar, para além do serviço prestado, que pela sociedade é reconhecido como de boa qualidade, pelo conforto e maior tranquilidade que resulta em apoio às famílias, foram gerados mais de 90 postos de trabalho.
A criação destes postos de trabalho, preenchidos na sua esmagadora maioria por mulheres, na generalidade, desempregadas de longa duração, faz, só por si, a afirmação que o Centro Social do Pego é uma obra socialmente importante em todas as vertentes, a quem recebe os serviços, a quem os desenvolve e à sociedade em geral.
Resultam deste projeto, desta obra, direta e indiretamente, efeitos bem visíveis, quer na vertente social quer na económica.
Quanto ao Lar em si, pela vivência e dinâmica que é característica de cada um dos dias, desde a satisfação dos cuidados necessários aos residentes - higiene, saúde, alimentação, animação, imagem e espírito de viver – para além da boa resposta que significa, é igualmente um desafio ou mesmo desassossego aos que desta terra, como aos da sociedade em geral, para que reconheçam que estas casas são necessárias e que, por serem dirigidas ao último escalão etário do ser humano, não são e nunca poderão ser, um local de “despejo e … seja o que Deus quiser”.
Toda a gente é pessoa e até ao último momento tem direito à dignidade que é devida ao ser humano.
Muitos falam da desertificação do interior do país. Aqui, e com esta obra, fazemos-lhe frente, todos os dias.